Muitos devem me conhecer só como a 'garota' que dá opiniões sobre livros e filmes; mas também sou escritora. (Risos)
Minha primeira 'obra' foi lançada em um site de livros por demanda, e não ficou tão conhecido como eu gostaria, todo escritor espera por isso; mas eu não parei por aí.
Tenho no total onze livros escritos, mas a falta de tempo para digitá-los e formatá-los tem sido cruel e agora alguns anos depois eu não tenho nenhum novo para mostrar aos meus leitores.
Pensando nisso, começo a publicar os capítulos de meu primeiro livro enquanto digito o próximo (eu escrevo em cadernos antes, risos.)
Advirto: não contém cenas explícitas. É um romance à moda antiga.
(É minha primeira obra, sejam bonzinhos comigo. Muito obrigada e boa leitura!)
***
Agradeço a Deus pela inspiração,
paciência e persistência.
Dedico este livro à minha família e aos
amigos.
Obrigada pelo apoio, opiniões sinceras e
por estarem sempre ao meu lado.
Pensei ter visto o sol,
Era a lua a brilhar...
Pensei ter visto o oceano,
Mas era o deserto, vertigem causar...
Pensei ter visto o amor,
Mas o amor não vem para machucar...
E então encontrei você;
Sol e lua,
Oceano e deserto,
E o amor mais puro que alguém pode
imaginar...
Layla A. Grace
Capítulo Um
_ Então Srta. Grace, conte-me tudo. (Delegado)
_ Creio que não consigo relembrar aqueles momentos. (Layla
quase chorando)
_ Vamos lá, você não deve ter muito em que pensar na sua rotina
diária, então certamente pensará dias e mais dias no que aconteceu. Então pense
com calma, não deve ser tão difícil. (Delegado)
Layla não
acreditava que aquele delegado estivesse mesmo tão imparcial ao que lhe
acontecera. E menos ainda insinuar que sua vida fosse fútil e vazia.
Mas ao contrário de querer defender sua vida nesse sentido,
ela preferiu expor-se um pouco mais para o delegado e o escrivão.
Com uma atitude de
coragem, decidiu que não choraria e seria bem detalhista. Mesmo que doesse, ela
sabia que no fundo sempre foi forte.
_ Delegado Logan, estou certa de que não consigo falar
diretamente no assunto. Porém se tiver um pouco de paciência em ouvir, gostaria
de relatar como vim parar aqui nesta cidade, incluindo tudo o que fiz no dia
anterior à minha partida de casa.
_ Muito bem Srta. Grace, mesmo porque não devem ser dias muito
longos. Por favor, comece. Estou curioso para saber o que a trouxe aqui.
Escrivão tome nota.
Layla, feliz por
poder mostrar ao delegado que nem toda moça de família é igual, ajeitou-se na
cadeira e começou a contar como foi parar na delegacia desse ser tão
insensível.
_ Eu tenho uma amiga, e que amiga. Alice é o nome dela.
Crescemos juntas, como irmãs. E ela é louca assim como eu. Dá para imaginar o
tipo de amizade. Tudo o que é errado para duas jovens, nós fazemos.
_ Srta. Grace, está dizendo que é uma fora da lei?
_ De maneira alguma Delegado, e se puder por gentileza esperar
que eu termine, saberá o tipo de loucuras que cometemos.
_ Está bem, continue.
_ Como o senhor sabe, vivemos em uma época que tudo é proibido
para mulheres, até mesmo estudar.
Mas nossas mães vendo nossas vidas tomarem o mesmo rumo que a
vida delas, permitiu que estudássemos escondidas de nossos pais.
Então desde pequenas surgiu uma afinidade, uma amizade grande
e sincera. Tão grande que teve suas consequências.
Alice e eu sempre fizemos tudo com
planejamento. Nossas aulas de escrita e leitura. Aulas de piano, bordados e
costuras. Estávamos muito unidas em tudo. E é claro, para aprontarmos estávamos
juntas também.
_ Desculpe interromper, mas por que diz
‘estávamos’? Não pretende fazer mais nada com sua amiga Alice?
_ Depois do que houve, os pais dela não
deixarão. Talvez nem nos vejamos.
_ Continue.
_ Certa vez incomodadas com a cor de nossa
pele, resolvemos tomar sol. Isso é inaceitável, pois mulheres só ficam à mostra
para os maridos. Fomos então para um lugar escondido e tiramos as roupas.
Forramos o chão com lençol que pegamos em casa e deitamos. Passamos horas ali e
fomos para casa. Minha mãe levou um susto enorme quando nos viu, pois estávamos
tão vermelhas que ela logo percebeu o que fizemos. Então, antes que os homens
chegassem do trabalho, ela fez com que tomássemos banho e vestíssemos vestidos
mais fechados. Assim, ela diria que caminhamos demais pelo sol.
Essa desculpa funcionou, mas nós sofremos muito por causa do
calor que fazia.
_ Srta. Grace, no que exatamente isso acrescenta no que ocorreu
aqui?
_ Só para os senhores pararem de me tratar como uma mocinha
indefesa, que só aprende a bordar e cozinhar para quando casar. Estou sendo
tratada como fútil desde que cheguei aqui. Então por favor, não interrompa
novamente.
A partir daquele
momento Layla se fechou em seus pensamentos e começou a falar da maneira que
lembrava.
Sua vida com a amiga, o porquê de sua partida e o que
aconteceu para que fosse necessário sua ‘visita’ ao Delegado Logan.
_ Então, a última aventura que fizemos, teve uma consequência
maior...
Alice foi para minha casa um dia antes, e dormiu por lá, com o
consentimento dos pais é claro.
Durante a noite, planejamos tudo o que faríamos nos dois dias
seguintes. Ela queria fazer tantas coisas ao mesmo tempo, que um dia não
bastaria.
Decidimos então que, depois de tomar banho no rio o que era
proibido da forma que fazíamos (quase sem roupas) nós apostaríamos corrida com
nossos cavalos até a casa de seus avós. Eu não os conhecia, pois se mudaram há
pouco tempo de volta.
Acordamos entusiasmadas, e minha mãe percebeu que novamente
aprontaríamos. Ela não disse nada na presença de meu pai. Teve medo que ele nos
castigasse e Alice nem é da família. Depois que ele saiu, ela veio conversar
conosco. Sua febre estava branda pela manhã e por isso não tive remorso em
deixá-la algum tempo sozinha. Depois de dias na cama, ela finalmente estava
melhor.
_ Layla e Alice, por favor, não façam nada de exagerado hoje.
Meu coração está apertado, sinto que vocês podem se machucar.
_ Tudo bem mamãe, não faremos nada que já não fizemos antes.
Assim, sabemos que não há perigo.
_ Quais são os planos meu bem?
_ Ela quis saber, e eu não sabia se contava a verdade. Resolvi
que sim, pois a bronca seria menor no fim do dia.
_ Vamos tomar banho no rio e depois apostaremos corrida de
cavalos até a casa dos avós de Alice.
_ Sei que são boas com cavalos, mas cuidado e não esqueçam as
regras básicas.
_ Já sei.
_ Não prendam o pé no estribo e não colem ao canto da estrada.
(Dissemos juntas e pareceu engraçado, então rimos).
_ Tomamos nosso café e fomos ao banho, o dia estava muito
quente.
Não percebemos, mas fomos seguidas até o rio, e chegando lá
ouvimos passos atrás de nós. Resolvemos então não tirar nossas roupas.
Brincamos na água algum tempo, mas não teve muito prazer em fazer isso, pois
sabíamos que alguém nos observava.
Voltamos para casa e contamos o acontecido a minha mãe. Ela
disse que quando seu coração fica daquele jeito, ela tem muito medo.
_ Talvez se vocês tivessem tirado suas roupas, poderiam ter
sido atacadas.
_ Mas somos duas, e ouvimos passos que pareceram de uma pessoa.
Poderia ser até mesmo um animal.
_ De qualquer forma, foi prudente não terem tirado.
_ Vamos nos trocar para o almoço, mamãe.
_ Vão. Antes que fiquem doentes.
_ No quarto, enquanto nos trocávamos, Alice disse ter visto
dois ou três homens nos espiando. E não deveria ser a primeira vez, mas não
fizeram nada em respeito a nossos pais.
_ Alice. Por que não me disse isso lá?
_ Não quis te assustar. Também seria pior. Se nós saíssemos sem
entrar no rio, eles provavelmente teriam nos agarrado.
_ Mas poderiam ter feito do mesmo modo.
_ Não. Nossos vestidos têm muitas camadas, e molhados deixariam
qualquer um molhado também, além de dar muito mais trabalho para tirar.
_ Você tem razão. Tivemos sorte hoje. Acho melhor não irmos
mais ao rio.
_ Fiquei pensando sobre aquilo e conclui que devia ser alguém
que conhecia nossos hábitos.
Passei a olhar os homens com raiva. Mas
só os da fazenda e das fazendas vizinhas.
Preparamo-nos para o almoço e descemos para cozinha. Mas
encontramos minha mãe na sala de jantar, triste e abatida. Fiquei preocupada e
quis saber a razão de tanta tristeza.
_ Não é nada minha filha, eu estava pensando quem poderia estar
olhando as minhas garotinhas com tanta crueldade.
_ Não se preocupe mamãe. Decidimos que essa travessura nós não
faremos mais. Para nosso bem.
_ Fico feliz em ouvir isso. Venha, ajude-me com os pratos.
_ Minha família herdou uma fazenda grande e bonita, mas com
muitas dívidas. Meu pai foi vendendo partes dela para pagar as pessoas, mas eu
nunca vi ninguém indo lá cobrar nada. Ele deve ter feito esse tipo de negócio o
mais reservado possível.
Vivíamos com pouco recurso, tínhamos que ajudar com as tarefas
da fazenda para economizar.
Alice sempre me deu presentes úteis em meus aniversários. Ela
é filha única e seus pais bem de vida. Ricos para ser exata. Então sempre que
pedia um vestido novo para seu pai, ele dava-lhe dois e dizia para repartir
comigo. Então me presenteava com um e eu não podia recusar, porque precisava.
Sempre me senti inferior a ela, mas ela nunca se importou com
minhas condições financeiras.
A única coisa que meu pai não mexeu foram os cavalos. Eu tenho
o meu e disse a Alice que poderia ficar com um enquanto meu pai não os
vendesse. Ela escolheu Ventania e o meu chama-se Mascote.
Naquela tarde, após o almoço, decidimos deixar a comida fazer
digestão antes de sairmos como loucas.
Bordamos um pouco e decidimos que era hora.
_ Mamãe?
_ Não a encontrava em lugar algum. Finalmente fui até o quarto,
ao qual tinha medo, pois ficou ali tantos dias e eu não desejava que ela
voltasse para cama.
Encontrei-a no quarto, mas para minha felicidade ela arrumava
o baú.
_ Mamãe, estamos indo.
_ Não demore Layla. Sabe que seu pai briga comigo quando não
encontra você.
_ Não demorarei. Até mais tarde.
_ Eu saí com um pouco de pressa. Não gostava de saber que fui
motivo de briga do meu pai com minha mãe, principalmente porque nós temos que
ouvir de cabeça baixa, sem nada responder.
Acho que por isso não me interessava por ninguém. Fui criada
livre e aprendi a não querer ser tratada como ela era. Fazia de conta na frente
do meu pai, que era a mais comportada de todas as moças de minha idade. Mas
Alice e eu éramos as piores em comportamento, claro, opinião das moças da
cidade e suas mães.
Montei em meu cavalo e Alice no seu.
Saímos da fazenda vagarosamente para não chamar a atenção de
ninguém. Quando já não podiam nos ver, paramos e posicionamos para a corrida.
Mudamos nossas pernas de lugar. Afinal não podíamos montar feito homem na
frente de ninguém. A não ser que encontrássemos pelo caminho.
Quebrei um pequeno galho de uma árvore e me posicionei.
Joguei-o bem alto e quando ele caísse seria a largada.
Mascote era mais veloz que Ventania. Alice nunca admitiu.
Começamos a correr. Como esperava, Mascote atingiu uma velocidade incrível
deixando Alice com Ventania para trás.
Ela explicou o caminho e então seguimos em frente.
Foi em uma curva da estrada, esquecendo o segundo mandamento
das corridas, que caí.
;)
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