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segunda-feira, 31 de julho de 2023

Cornelia Funke - O Senhor dos Ladrões


Sinopse:

 Cornelia Funke pertence a uma categoria especialíssima da literatura juvenil: muito premiada, é best-seller em diversos países e amada por leitores de todas as idades. Não por acaso, vem sendo comparada à sueca Astrid Lindgren (de Píppi Meialonga) e a J. K. Rowling (de Harry Potter). 
 Uma das maiores forças de seus textos é a originalidade com que trata o tema da infância e da idade adulta, um dos principais eixos de 'O Senhor dos Ladrões', que conta a história de um grupo de crianças órfãs que mora num cinema abandonado na cidade de Veneza. Seu protetor é Scipio, o auto-intitulado Senhor dos Ladrões, um garoto que rouba casas luxuosas de Veneza para sustentar as crianças de rua. 
 Scipio é contratado para um trabalho especial: surrupiar uma asa de madeira da casa da fotógrafa Ida Spavento. O objeto tem propriedades mágicas, e logo todos estarão envolvidos numa aventura onde crianças viram adultos e vice-versa.


 Eu não poderia dizer o que vou dizer...
 Mas, eles são criativos e bons no que fazem. (Risos)
 São crianças fugitivas que se encontram e traçam uma vida de roubos para sobreviver.
 Só que um deles não precisa de nada disso e, ainda acaba sendo um tipo de chefe para os outros.
 Apesar de serem crianças que roubam, o livro tem uma história interessante de sobrevivência, amizade e magia.
 Criativo e diferente dos que eu já li até hoje.

;)

domingo, 30 de julho de 2023

Roberta Kelly - A Chave - 6º Capítulo






Capítulo Seis

_ Olá. Estou aqui como prometi.
_ Oi. Como foi a cirurgia?
_ Correu tudo bem, mas quem vai te explicar tudo é o Dr. Austin.
_ Vi o Dr. Born sair nervoso da sala. O que aconteceu?
_ Ele queria participar da cirurgia e o Dr. Austin não deixou, dizendo que você preferia um conhecido. No caso, eu.
_ É difícil comer nessa hora?
_ Não. Estou aqui para garantir que você irá se alimentar corretamente. (Risos) Volto já.

_ Ele se demorou pouco, mas foi o suficiente para o Dr. Born aparecer.

_ Olá. Como está se sentindo?
_ Com fome.
_ Vou providenciar algo para você comer.
_ Não precisa, já fiz isso. (Scott havia retornado)
_ Hum... Você.
_ Sim. O Dr. Austin virá vê-la então não há necessidade de você ficar aqui.
_ Volto quando não tiver visitas. (Dr. Born disse para mim e saiu).

_ Com essa discussão Marie acordou. Sem graça, pois disseram que eu só viria para o quarto no dia seguinte.
_ Oi, não sabia que você estava aqui. (Marie tímida por haver homem no quarto enquanto dormia).
_ Também não sabia que viria.
_ Oi Scott. O que se passou por aqui?
_ Nada de mais Marie, não nos damos bem desde a infância.
_ Desde a infância?

_ Quis saber. Desde a infância é muito tempo.

_ Sim. Estudamos juntos e ele sempre dava um jeito de me prejudicar com os professores e os outros alunos.
_ Você sabia que o encontraria aqui?
_ Não pensei nele até encontrá-lo.
_ Por que não se dão bem até hoje? Coisas de crianças deveriam ser esquecidas.
_ Não dá para esquecer se isso te persegue na fase adulta. Quando crianças eu era ingênuo. E sempre que ele fazia alguma coisa errada, chorava e pedia para eu assumir a culpa, pois o pai dele o espancaria até deixá-lo caído ao chão. Eu concordava e apanhava no lugar dele. Depois, quando adolescentes meu pai já havia proibido nossa amizade e isso deixou Born com raiva, pois perdera o apoio nas suas mentiras. Seus novos amigos não mentiam e ele acabava sendo surrado.
_ Mas por que ele ficou com raiva de você? Não foi seu pai quem proibiu?
_ Sim, mas eu tive que colocar fim na amizade e não meu pai. Não satisfeito com isso, ele começou a me prejudicar na escola. Várias vezes eu nem estava presente e ele dizia que viu quando eu fiz isso ou aquilo. Só não fui expulso porque num dia desses estava de cama e a diretoria da escola havia sido informada. Então ele foi pego e meu nome ficou limpo. Mas no doutorado, ele fez muito pior e uma única vez, até hoje tento limpar meu nome. Por isso não tenho permissão ainda para trabalhar como médico. Os diretores estão analisando se tenho condições mentais. Aconteceu algo que levantou novas suspeitas sobre mim e não vejo saída nesse bolo de confusões que Born me colocou. É isso que nos faz ter essas discussões desnecessárias.
_ Que triste. Se eu puder te ajudar de alguma forma, pode contar comigo.
_ Está tudo bem. Quer dizer, eu vou ficar bem.

_ Scott olhou com um jeito que dizia “aqui não dá para conversar”. Senti um calafrio só de pensar em ficar sozinha com ele. Não era medo. Ele até o momento foi o único rapaz que despertou um sentimento estranho em mim. Não conhecia o amor, aliás, não conhecia nenhum rapaz tão educado. E não queria um bruto ao meu lado. Preferiria ir para o Convento. Ele interrompeu meus pensamentos.

_ Marie, você pode voltar a dormir se quiser. Vou fechar a cortina divisória. Tudo bem?
_ Marie olhou para mim procurando ajuda com a resposta. Mexi levemente a cabeça dizendo que sim. Scott não viu.

_ Tudo bem. Se precisarem é só chamar, tenho um sono muito leve.

_ Ele fechou a cortina e sentou-se novamente. Começou a tão esperada conversa com assuntos comuns, pois sabia que Marie ouviria.

_ Como está se sentindo?
_ Estou bem. Ainda estou com o efeito da anestesia.
_ Se aquele médico ordinário te incomodar me avise.
_ Não se preocupe. Ele não voltará tão cedo.
_ Vou procurar saber os horários dele aqui no hospital e virei te ver sempre que ele estiver. Assim ele não terá tantas oportunidades de vir aqui.
_ Sei que já explicou o motivo de não gostar dele, mas por que quer me proteger?
_ Porque gosto de você e sei que ele é um mau caráter.
_ Hum...
_ Talvez fosse melhor nós conversarmos outra hora. Você precisa descansar.
_ Já dormi o bastante por muitos dias. Se quiser ficar acho que Marie já dormiu.
_ Tem certeza?
_ Sim. Ela já dormiu. (Rimos ao ouvir Marie roncar).

_ Por um momento ficamos em silêncio.

_ Na verdade estou sempre adiando porque não sei como dizer.
_ Scott, se for o que estou pensando, eu já sei o que dirá. Sua tia contou a Marie sua triste história de amor.
_ Que terminou em ódio.
_ Não pense mais nisso. Remexer as feridas só as aumenta.
_ Você tem razão. E quanto minha tia, ela adiantou parte do assunto. Estive me preparando para esse momento durante muito tempo, pois sempre tive vontade de encontrar alguém para compartilhar minha vida.

_ “Oh meu Deus! Ele vai se declarar”. Pensei, e junto com esse pensamento veio um suspiro que foi mal interpretado.

_ Se você não quiser ouvir eu posso deixar pra lá. Estou importunando-lhe.
_ Desculpe-me, não foi essa a intenção. Eu espero por alguém que converse abertamente comigo há muito tempo e então você apareceu.
_ Tem certeza que quer que eu continue?
_ Sim, por favor.
_ Minha tia contou exatamente o que a Marie?
_ Disse que sua noiva o deixou para fugir com outro. As pessoas falavam mal de você. E que jamais olhou para outra moça. Os detalhes eu não sei.
_ Ela não devia ter falado sobre isso, mas por um lado foi bom.
_ Ela disse que tem medo de você se apegar a mim já que depois eu irei embora.
_ É tarde demais. E é por isso que pensei em trabalhar em sua cidade. Estando lá talvez fosse mais fácil conquistar a confiança de seus pais e o seu amor.
_ Scott, você mal me conhece, como pode fazer planos?
_ Pensei em passar um tempo com você enquanto está aqui. Mas só se você estiver sentindo o mesmo que sinto por você.
_ Não sei dizer. Nunca pensei em ninguém, aliás, eu ainda vivo como uma criança rebelde, só pensando em aventuras. Além disso, são nossos pais que escolhem os companheiros e não temos direito de dizer não. Vocês homens é que podem recusar ou não uma noiva.
_ E por isso fui abandonado. Meu interesse por Estela era visível, mas meus pais esqueceram de saber do interesse dela por mim. Assim que meu pai morreu, ela foi ficando distante. Minha mãe percebeu, mas não podia voltar atrás com a palavra dada por meu pai. Eu estava cego pela beleza dela, então ela fugiu com quem realmente amava.
_ Não pense assim.
_ Por enquanto preciso. Não quero cometer o mesmo erro.

_ Fiquei paralisada por alguns instantes. Não sabia o que dizer.

_ Vou embora, pois já está tarde e minha tia deve estar preocupada. Fiquei de dar notícias sobre sua cirurgia.
_ Tudo bem. Vou dormir um pouco mais.
_ Até amanhã.
_ Até amanhã.

_ Ele foi embora e fiquei pensando em tudo o que conversamos. Como um ‘acidente’ podia mudar tanto a vida de uma pessoa? Sorri com o pensamento.
Estava quase dormindo quando ouvi passos. Abri os olhos e o Dr. Born estava muito próximo, tanto que podia sentir sua respiração. Virei o rosto e chamei Marie. A intenção dele era clara, ele ia me beijar.

_ Marie? Dr. Born veio dar notícias de minha saúde.
_ Quieta, não acorde sua acompanhante.
_ O que você quer aqui? (Falei alto chamando a atenção de Marie).
_ O que está acontecendo? (Marie quis saber).
_ Só passei para ver como a Srta. Grace está.
_ Não foi o que pareceu. (Marie retrucou).
_ Desculpe-me. Sei que meu comportamento com Scott não é dos melhores. Temos divergências. Acho que ele deve ter contado da maneira que lhe convém.
_ Disse alguma coisa a respeito sim.
_ Imagino.
_ Ele disse algo sim, e você entrou sorrateiramente no meu quarto e tentou me beijar. Então nesse momento eu só penso o seu pior.
_ Não me julgue mal. Eu não resisti, pois você chamou minha atenção desde o momento em que atravessei a porta da sala de atendimento. Seus olhos cor de mel, sua pele clara e sua boca...
_ Dr. Born, controle-se. Não lhe dou o direito de falar assim comigo. Exijo respeito. E por favor, saia do quarto.
_ Desculpe-me. Esperei tanto por você que quase não consegui me controlar. Posso esperar um pouco mais. Durma bem.

_ Não tive tempo de reagir e então ele beijou-me na testa.
Com certeza demorei muito tempo para dormir pensando no que ele quis dizer com “esperei tanto por você”, e claro tive medo que ele retornasse e conseguisse me beijar.
No fundo eu sabia que um dos dois estava mentindo, ou os dois. E ao mesmo tempo escondendo algo muito maior.
Marie ouviu boa parte da conversa e voltou a dormir. Havia algo estranho com ela.
Aos poucos o dia foi clareando e o movimento no hospital aumentando. Estava segura, então adormeci.
Tive pesadelos horríveis com Scott e o Dr. Born. Pareciam tão reais como se fossem lembranças. A época do sonho era distante. As paisagens diferentes, as roupas e o modo das pessoas agirem. Estava no meio de um duelo e senti a aflição da moça do sonho. E para piorar, no sonho eu senti amor pelo Dr. Born. Isso era loucura. Tanto Scott quanto Dr. Born não tinham a aparência que conheço, mas pelo olhar os reconheci de imediato.



;)

sábado, 29 de julho de 2023

Suzanne Collins - Em Chamas


Sinopse:

  Depois de ganhar os Jogos Vorazes, competição entre jovens transmitida ao vivo para todos os distritos de Panem, Katniss agora terá que enfrentar a represália da Capital e decidir que caminho tomar quando descobre que suas atitudes nos jogos incitaram rebeliões em alguns distritos.
  Os jogos completam 75 anos, momento de se realizar o terceiro Massacre Quaternário, uma edição da luta na arena com regras ainda mais duras que acontece a cada 25 anos. Katniss e Peeta, então, se veem diante de situação totalmente inesperada e, dessa vez, além de lutar por suas próprias vidas, terão que proteger seus amigos e familiares e, talvez, todo o povo de Panem.


 Katniss mais uma vez é a heroína de uma revolução instalada por todo país.
 Ao participar dos jogos, dessa vez ela terá amigos de verdade lutando ao seu lado e principalmente para defendê-la de qualquer perigo.
 Os jogadores são perigosos e mortais, e essa arena tem ingredientes mortais por conta própria. Então, ficar parado esperado a guerra acalmar não é opção. E Katniss e seus companheiros descobrem isso um pouco tarde.
 A aventura continua, assim como a miséria dos Distritos, mas agora existe o fator revolução, causando mortes e ruínas ainda maiores por todos os lados.
 E o romance de Katniss e Peeta que no início parecia improvável, agora é palpável.

 Grandes aventuras na sequência de Jogos Vorazes!

;)

sexta-feira, 28 de julho de 2023

Roberta Kelly - A Chave - 5º Capítulo






Capítulo Cinco

_ Marie e Sra. Amélia sugeriram algo sobre jogarmos cartas.

_ Vamos nos posicionar para o jogo? (Sra. Amélia disse)
_ Mas nossos assentos são longe. (Respondi)
_ Você e Sra. Amélia sentam-se nas poltronas e Scott e eu sentamos no chão perto de vocês. (Marie sugeriu) Se você não se importar Scott.
_ Claro, vamos sentar então. (Scott respondeu)

_ Passamos o resto da tarde sentados jogando.
O dia estava calmo até chegarmos às esquecidas nuvens de chuva. Foi uma tempestade horrível. Nós estávamos ansiosos pelo fim da viagem. O jantar foi anunciado, e fomos servidos na cabine.
Eu queria sair dali um pouco, mas não consegui.
Scott como sempre ficou ao meu lado para as mulheres conversarem.
Elas quase sussurravam e não pude entender. Elas combinavam alguma coisa, mas não me disseram o que era. Nem mesmo Marie contou-me.
Enquanto isso Scott falou comigo novamente.

_ Eu não pude dizer o que exatamente queria pela manhã, e aqui não é o lugar apropriado.

_ Ele ficou triste e elas olharam para nós. Senti minha pele queimar quando Sra. Amélia olhou-me com um leve desgosto.

_ Scott, por que ficou triste? Sua tia está pensando que te magoei com alguma coisa. Vejo que ela cuida de você como um filho.
_ Desculpe-me. Só não consigo disfarçar o que estou sentindo.
_ Será que é muito tarde para tomar um café no restaurante?
_ Oh sim. Já está fechado.
_ Que pena. Gostaria de poder ajudar. Não gosto de te ver assim. Depois que eu passar pelo médico poderemos conversar. Tudo bem?
_ Está bem. Vamos descansar porque amanhã será um longo dia.

_ Fiz sinal para Marie vir dormir e dei boa noite a Scott e sua tia. Com certeza o dia seguinte seria longo, principalmente para mim. Ri com esse pensamento, tentando entender o que ele quis dizer com isso, e também por que ele ficou tão triste.
Deitamos, mas para mim o sono não vinha. Pensei em meus pais. Como estaria minha mãe? Fiquei tempo demais tentando entender o Scott durante a viagem e nem ao menos havia pensado neles. Não até aquele momento.
Esse foi o último pensamento da noite, pois quando dei por mim, era dia e em breve eu poderia descer do trem.
Marie havia saído da cabine. Pensei que estaria no toalete, mas depois descobri que ela tinha resolvido o problema que eu enfrentaria mais tarde. Descer em uma estação lotada. Ela conseguiu permissão para que eu pudesse ser acompanhada pelos enfermeiros do trem. As pessoas quando os veem ficam longe para não prejudicar o doente que eles acompanham.
Tomamos nosso café da manhã rápido e voltamos para cabine a fim de guardar nossos pertences.
O horário previsto para chegada não foi cumprido. Chegamos com 2 horas de atraso. Por causa da chuva o maquinista diminuiu a velocidade.
Estávamos ansiosos para chegar e também mortos de fome, pois não foi servido o almoço, somente um chá.
Finalmente chegamos e Scott já não estava triste, pois tinha minha promessa de conversarmos após minha consulta.

_ Sra. Amélia, nem sei como agradecer por deixar-nos viajar com vocês.
_ Não precisa agradecer querida. Sei que de onde você vem não há recursos para um atendimento médico ao qual você precisa. E gostei de ter conhecido vocês.
_ Agora é hora de dizermos um até breve. Vocês irão para casa e Marie e eu para o hospital.
_ De jeito algum. Você já teve essa discussão com Scott e concordo com ele. Estamos indo na mesma direção. Vocês irão conosco e assim ficaremos tranquilos em saber que chegaram ao seu destino.
_ Já que insistem. Mas prometa que irá para casa. A senhora deve descansar.
_ Tudo bem querida. Então vamos?
_ Sim.

_ O trem parou, e na porta da cabine estavam os enfermeiros para acompanhar-me. Marie cuidou da bagagem e só precisei caminhar pelo corredor.
Desci do trem e senti um impacto no último degrau. Dois enfermeiros seguraram-me para que eu não caísse.
Levaram-me até a carruagem que, aliás, não se parecia nada com as charretes de minha cidade.
Ninguém falou nada durante o percurso até ao hospital. Marie e eu descemos e agradecemos mais uma vez a Sra. Amélia e ao Scott. Scott prometeu voltar ainda naquela noite, mas Sra. Amélia não disse nada. Só desejou boa sorte e então partiram.
Entramos na recepção e fui informada que logo seria atendida pelo médico responsável. A enfermeira guiou-nos até o quarto e disse que eu poderia tomar um banho antes dos exames. Havia um toalete no corredor. Marie separou roupas para nós duas e então fomos ao esperado banho. Marie ajudou-me para não molhar as faixas do braço, secou-me e vestiu-me.
Voltamos para o quarto e fui chamada pelo médico.

_ Por aqui. (Disse a enfermeira)

_ Entrei em uma sala pequena, mas as luzes eram tão claras que ofuscaram minha visão. Meu corpo perdeu um pouco do equilíbrio e fui segurada pela enfermeira. Seu nome era Rosa, descobri porque estava escrito em uma placa acima do seu peito.
Deitei-me na cama que havia na sala e então ela começou a retirar as faixas. Depois que terminou disse para eu não mexer. Ela voltou com um médico.

_ Olá. Sou o Dr. Born e esta é a enfermeira Rosa. Deixe-me ver esse ferimento.

_ Quando o Dr. Born entrou na sala, imaginei que fosse um homem de idade, experiente.
Mas depois de olhar o ferimento, mandou chamar outra pessoa.

_ Srta. Grace, sua lesão é delicada, então vou encaminhá-la para o Dr. Austin. Ele tem experiência nesse tipo de fratura.

_ Mais uma vez eu não disse nada.
A enfermeira cobriu-me com um lençol e foi buscar o médico em outra sala. Quando ele chegou fiquei aliviada, era um senhor de idade, com olhos que transmitiam sabedoria e confiança.

_ Olá minha jovem. Como foi que se feriu?
_ Corria com meu cavalo quando fui surpreendida por uma árvore. Bati com muita força e fui jogada longe. O Dr. Thomas colocou essa tala e alguns tecidos amarrados. Mas no trem um rapaz com o qual viajava, colocou meu braço no lugar e fez novos curativos.
_ Quem é esse jovem Srta. Grace?
_ Ele fez algo errado?
_ Pelo contrário. Vejo que você perderia o braço pela forma que foi feito o primeiro curativo. O sangue ficou preso e isso indica o começo do problema. Alguns médicos preferem amputar o braço ou perna quando a fratura fica assim. Mas sou diferente da grande maioria, gosto de salvar meus pacientes ou pelo menos tentar.
_ Bom, ele disse que voltaria aqui ainda hoje para pedir permissão para assistir a cirurgia, porque ele estuda esses tipos de ferimentos.
_ Estuda medicina?
_ Sim.
_ Você está em um leito?
_ Sim. Tenho uma acompanhante também. Viajamos com esse rapaz e a tia dele.
_ Hum... Já sei de quem se trata. O jovem Scott.
_ Sim.
_ Então esperarei ele chegar para irmos direto para a cirurgia. Não é nada sério, mas é melhor tratarmos logo. Você não poderá alimentar-se até termos terminado.
_ Hum... Tudo bem.
_ Enfermeira, providencie um jantar para a acompanhante da Srta. Grace.
_ Sim senhor.
_ Leve-a para o centro cirúrgico e deixe tudo organizado.
_ Sim senhor.

_ A enfermeira pediu a uma senhora que levasse o jantar para Marie e foi até o centro cirúrgico empurrando a cama onde eu estava. Eles demoraram um pouco e acabei pegando no sono.
Acordei com luzes muito mais fortes do que as da outra sala. Vi o Dr. Austin, Scott e o Dr. Born conversando. Dr. Born saiu nervoso da sala e Scott vestiu uma roupa branca. Entraram duas enfermeiras e começaram a me envolver a uns instrumentos. Só depois percebi que era um lençol azul que impedia que eu olhasse para o braço.
Deram-me um remédio e dormi novamente.
Acordei no quarto junto de Marie. Ela dormia numa cama ao lado. Havia uma poltrona do outro lado e quase não acreditei no que vi.
Scott.



;)