Capítulo Vinte e Um
Ela não queria que
ele a deixasse, mas antes que pudesse discordar, ele já havia alcançado a
porta.
Alice parecia
realmente distraída com algo lá fora.
_ Eu já volto Layla.
Alice saiu deixando
Layla sozinha. Ela quis levantar e ir para perto da janela, mas mal conseguiu
por o pé fora da cama e se desequilibrou. Bom, era melhor ficar na cama. Estava
mais debilitada do que pensava.
A porta abriu sem
ninguém bater. Eram Alice e Born com o café.
_ Não precisavam trazer o café na cama, mas obrigada.
_ Não creio que consiga chegar até o salão de jantar.
_ Eu poderia carregá-la, Alice.
_ Você quase caiu com ela ontem B.
_ Hey, vocês dois, eu ainda estou aqui. Se brigarem cada vez
que entrarem aqui, vou preferir ficar sozinha.
_ Tudo bem, Layla. Por você eu não vou discutir com esse aí.
_ Alice...
Ela não falava
sério, mas funcionou. Teve que se segurar para não rir.
_ Layla eu trouxe o café e é para comer tudo.
_ Tudo bem.
_ E eu trouxe os remédios e vou passar antes para aliviar a dor
para você poder comer.
_ Tudo bem.
Born fez curativos
em seu rosto e tinha muito cuidado. Ela sabia que ali estava mais do que um
médico. Era o homem que dizia amá-la.
_ B., você terminou?
_ Por que Alice?
_ Eu tenho que por o assunto em dia com minha amiga.
_ Tudo bem. Layla, eu vou trabalhar e sairei mais cedo.
_ Não atrapalhe seu trabalho por mim.
_ Você nunca me atrapalha. Eu...
_ Está bem, já chega. Vai trabalhar B.
Alice o cortou e
Layla viu que ele não gostou, mas para agradar não disse nada. Deu um beijo em
sua testa e foi embora.
_ Agora me conta tudo. Eu preciso saber tudo sobre o homem que
me interessa.
_ Hum... Scott?
_ Não achou que fosse o B., não é?
_ Nem pensei nisso. Mas você acha que a tia dele irá concordar
com o romance de vocês?
_ Ela é tão ruim assim?
_ Não, mas...
_ Mas...?
_ Parece que ela quer ele só para si.
_ Talvez não seja tão difícil conquistá-la.
_ Born me disse que ele quase enlouqueceu quando soube do
acontecido.
_ Sim, e nesse momento minhas esperanças de que ele me notasse
balançaram um pouco.
_ Born me disse que ele desistiu de lutar por mim. Então, se a
tia dele o libertar, ele notará você sim.
_ Quanto tempo terei que esperar por isso Layla?
_ Não se apresse Alice. Eu mesmo pensei que estava apaixonada
por ele. Mas só pensei assim porque nunca havia conhecido nenhum homem educado
antes.
Você já conhecia o Born, mas como ele é seu primo e vocês
vivem em guerra nunca reparou como ele é educado. Diferente dos rapazes que
queriam nos cortejar.
_ É, acho que você tem razão. Depois que mamãe me contou como
era um romance de verdade, fiquei curiosa. Você sabe que nossos pais jamais nos
forçariam a casar com alguém que não quiséssemos, mas outras garotas não têm
essa sorte. E por falar nisso posso ver a carta?
_ Pode, mas não diga nada do que está escrito aí a ninguém
ainda, você vai entender.
_ Tudo bem.
Alice leu a carta e
não conteve as lágrimas.
_ Layla, eu nunca fiz por mal. Mamãe sempre dizia que os
melhores presentes eram aqueles que realmente usaríamos. Por isso nunca te dava
nada que eu sabia que era só para diversão ou enfeite.
_ Tudo bem Alice. Eu já entendi o que papai quis dizer. Não
fique triste, eu já estou melhor.
_ Layla, eu disse para comer tudo.
_ Tudo bem, eu vou tentar.
Layla voltou-se
para o café, tudo o que havia ali era fácil de comer. Não causou mais danos.
Na verdade o que quer que Born tenha passado tirou toda a dor.
_ E então Layla. O que vai fazer com meu priminho?
_ Como assim?
_ Essas atitudes de um com o outro não me parece só relação
médico-paciente.
_ Ainda não entendi. Seja clara.
_ É. Acho que vou ter que te contar tudo.
Alice contou tudo o
que aprendeu com a mãe. Conquistas, romances, casamento e claro o ponto onde
ela queria chegar: relações após o casamento. Foi esse o nome mais sutil que
ela encontrou para dizer.
_ Alice?
_ O que foi Layla, é normal o seu corpo pedir por isso durante
alguns beijos.
_ Como sabe?
_ Mamãe sabe. É o suficiente para acreditar.
_ Nós não devemos fazer isso antes de casar. O que meus pais...
Layla paralisou.
Sentiu a facada quando começou a dizer isso. Por um breve instante achou que
seus pais estariam lá a esperando.
Alice sentiu o
choque que havia passado por ela.
_ Eles não podem dizer mais nada, Layla, mas ainda existem os
outros. Claro que ninguém precisaria saber.
_ Eu sei que estou sozinha agora Alice, mas ainda não perdi o
juízo.
Layla ficou
pensando sobre isso quando ficou sozinha. Era errado, mas será que ela aguentaria
esperar?
O dia passou
rápido, talvez fossem as companhias.
Sra. Sophie voltou
mais tarde e conversaram um pouco sobre a história da família. Ela contou o
motivo dos dois irmãos terem se separado no passado. Era triste. Um duelo, mas
quem morreu foi a pretendida. Atirou-se na frente deles quando ambos iriam se
matar com suas espadas. Ela viu que ninguém sairia vivo então se sacrificou.
Ela amava um, mas
foi prometida pelos pais ao outro. Quando ele descobriu chamou o irmão para um
duelo.
Eles viveram com
pouca harmonia até a morte dos pais e depois cada um jurou nunca mais olhar
para o outro. Desde então as famílias estavam separadas.
Para piorar, a
família da moça jurou vingança. Mataram muitos da família Grace e dizem que
ainda os caçam.
Sra. Sophie e
Katherine se foram. Dava para notar a vontade de Katherine para conversar, mas
não falava nada. Layla encontraria um jeito de puxar assunto.
;)