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sábado, 5 de agosto de 2023

Roberta Kelly - A Chave - 9º Capítulo






Capítulo Nove

_ Não chore. Leia a mensagem de seu pai. (Scott tentava me consolar).

_ Nesse momento os soluços se acalmaram e pude falar novamente.

_ Dr. Austin?
_ Claro Layla, aqui está.

_ Ele entregou-me e então comecei a ler.

_ Querida Layla, sei que esse não é o melhor momento devido ao que aconteceu. O Doutor que cuida de você já deve ter lhe contado.
Não sofra por sua mãe. Ela descansou. Os últimos dias foram difíceis. Quando você voltar, talvez eu já não esteja aqui. Estou doente, tenho a mesma febre de sua mãe.
Proibi a Alice de vir aqui para que não adoecesse também, mas antes entreguei uma carta com instruções para você.
Lamento ter escondido algumas coisas de você e quando ler compreenderá.
Scott mandou notícias suas e de Marie para nós. E sua mãe partiu feliz por saber que estava bem.
Os pais de Marie também estão felizes por Marie estar bem, depois de um susto desses.
Que Deus te acompanhe minha filha. Abençoo você em qualquer decisão que tomar em sua vida.
Eu te amo minha princesinha.
Seu pai Anthony Martim Grace.

_ O choro agora não tinha fronteiras. Passei a mensagem a Marie. E ela também chorou.
Dr. Austin e Scott saíram sem falar nada.

_ Dr. Austin, não será melhor tirá-la daqui? Posso levá-la em outro lugar.
_ Não. O problema não é a notícia sobre a família dela. Born, esse é o problema.
_ Mas o que ele fez agora?
_ Born não vem trabalhar a dois dias. Desde que...
_ Desde que aquela moça... Qual era o nome dela?
_ Caroline. Exatamente. Desde que ela desapareceu depois de sair para ir encontrá-lo.
_ Ela não é a primeira. Mas ninguém fez nada para impedir que continue acontecendo.
_ Estou tentando Scott, mas Born é esperto o bastante. Ele não tem vindo ver Layla, mas eu gostaria. Sei que você a ama, e sei que ele também se interessou por ela. Seria de grande ajuda.
_ Não. Layla não.
_ Scott pense melhor. Você estará protegendo-a sempre.
_ Born é rápido o suficiente.

_ Eles pararam de falar quando perceberam que não estavam sozinhos. Marie estava amparada pela enfermeira e ouviu toda a conversa. Claro que me contou mais tarde. Não falaram com ela, pois como ainda chorava, pensaram que não havia escutado.
Não consegui pensar sobre isso. Pensei o tempo todo em ter que viver sem minha mãe. E lembrei o que meu pai escrevera “estou com a mesma febre de sua mãe”. Congelei.
A enfermeira veio e disse que me levaria para o banho.
O banho me acalmou e parei de chorar. Algumas lágrimas continuaram a rolar silenciosamente.
Scott não voltou. Dr. Austin não deixou dizendo que precisava de ajuda com alguma coisa. A enfermeira foi quem nos informou.
Perdi os últimos dias de vida de minha mãe e não pude dar adeus. Com meu pai seria o mesmo.
O que resta é esperar Marie ficar boa para levá-la de volta. Por enquanto estou disposta a ajudar Dr. Austin com a verdade. Tenho que me apegar a alguma coisa para esquecer um pouco do meu sofrimento.
Adormeci com meus pensamentos, pois quando abri os olhos o dia já estava claro.
Para minha surpresa Dr. Born estava sentado na poltrona de visitas. Ele levantou-se e veio falar comigo.

_ Sinto muito pela notícia de seus pais Layla.
_ Obrigada. Mas você está bem? Soube que não veio trabalhar nos últimos dias.
_ É. Tive problemas e fui resolvê-los. Vim para levá-la para sair um pouco deste quarto. Que tal tomar café na ala dos médicos comigo?
_ Não sei se devo.
_ Deve sim. (Dr. Austin falou entrando no quarto).
_ Então tudo bem.

_ Fui com Dr. Born em uma sala reservada para os médicos tomarem seus lanches.

_ Dr. Born, por que sumiu tão de repente? Quase não vai me ver.
_ Que bom saber que sentiu minha falta. Mas por favor, me chame de Born.

_ Pela primeira vez ele disse algo que me deixou com vergonha. Era verdade. Eu senti a falta dele. Já não sentia tanto medo. Sentia falta dele.

_ Chegamos. Sente-se que irei servi-la.

_ Não disse nada. Ele sempre foi cavalheiro comigo. Menos na noite do quase beijo. Quase não dá para acreditar que ele pode ser mau e perigoso.

_ Pronto Srta. Grace. Deseja mais alguma coisa? (Risos)
_ Não, obrigada. Está perfeito.

_ Ele colocou flores no centro da mesa. Estava tentando parecer romântico, mas ele tem uma cara de atrevido, então é um pouco difícil conseguir.

_ Você é sempre assim?
_ Assim como?
_ “Romântico”. (Ia dizer atrevido, mas mudei de ideia).
_ Não. Só com aquela que amo.
_ Impossível. Nem me conhece e sabe sobre Scott.
_ Nada é impossível se lutarmos com o coração.
_ Nossa.
_ O quê?
_ Perdi as palavras.

_ Realmente havia perdido. Por um momento pensei se Scott também podia estar mentindo, já que as primeiras atitudes de Born tinham me levado a pensar que ele era o mau da história.
Seus olhos, verdes tão intensos quanto os azuis de Scott”. “Mas o que estou pensando?” Devia estar ficando louca. “Pobre de mim”. Pensei com tristeza.

_ Porque ficou triste de repente?
_ Desculpe-me. Não é nada. Só é muito confuso.
_ Não quis fazê-la ficar triste, só estou tentando mostrar que gosto de você. Desculpe-me Layla.
_ Tudo bem. Você tem sido um cavalheiro.
_ Quer dar uma passeio à tarde? Nada muito longe, para conhecer um pouco da cidade.
_ Não sei. Hoje não. É melhor assim.
_ Você não confia em mim, mas eu quero que saiba que não sou o monstro que você pensa.
_ Desculpe Born. Sei que está tentando me animar. Você pode até estar sendo sincero, mas ainda não consigo confiar. Scott sempre falando alguma coisa ruim de você e você falando dele.
_ Layla, eu... Sei que o momento está sendo difícil para você, então em alguns dias teremos uma longa conversa.
_ Estou confusa. Por que não fala de uma vez?
_ Só quero contar o que aconteceu e então você decide quem é o monstro e com qual você quer ter alguma coisa no futuro.
Layla, eu gosto de você. Gostei desde a primeira vez em que a vi. Reconheci você como o amor que há muito tempo eu espero.
_ Também sinto que o conheço. Não sei que sentimento é esse.

_ Ficamos em silêncio alguns minutos e então entraram algumas enfermeiras para fazerem seus lanches.

_ Vamos? Vou levá-la de volta.
_ Sim vamos.

_ Voltamos para o quarto calados. Deixou-me na porta e deu um beijo em minha mão.

_ Mais tarde voltarei para te ver. Fique bem.
_ Espero que sim. Obrigada.

_ Não sei de onde tirei esse “espero que sim”. “Estou louca com certeza”.
Marie viu a cena e me olhava com olhos arregalados, como sempre.




;)

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