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sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Roberta Kelly - A Chave - 12º Capítulo




Capítulo Doze

_ Ficamos ali um bom tempo. O dia ficou escuro por causa da tempestade. Dava muito medo. Não sairíamos dali enquanto não fosse seguro.

_ Layla? Marie? Oh meu Deus será que foram levadas?
_ Creio que não.

_ Ouvi as vozes no quarto e eram de Born e Dr. Austin. Resolvi que já era seguro e saí do esconderijo improvisado.

_ Graças a Deus! Vocês estão bem?
_ Sim, a menos que você quebre minhas costelas Born.
_ Desculpe-me Layla. Mas o que tinham na cabeça? Por que não trancaram a porta?
_ Tranquei, mas depois resolvi que era melhor fingir que não estávamos. Se ela estivesse trancada, teriam certeza que estávamos aqui.
_ Você viu quem foi?
_ Vi um homem de camisa preta e então acordei Marie.
_ Não Layla, o homem que apareceu estava de vermelho.
_ Meu Deus! Então são dois, porque a primeira vez que apareceu estava de preto e depois realmente a camisa era vermelha. Mas Born, eles são idênticos.
_ Mas não há casos de gêmeos idênticos aqui na nossa região. É sempre um casal, ou quando são meninos ou meninas são sempre diferentes. (Dr. Austin completou)
_ Dr. Austin, se eu trouxer o álbum dos estudantes do ano em que aquilo ocorreu e Scott trouxer o dele, Layla e Marie podem olhar. É só um pensamento que eu tive e o senhor pode dar uma olhada nos registros dos gêmeos daqui. Estudei com um dos irmãos Roger e Scott com o outro. Eles não são idênticos, mas são bastante parecidos.
_ Tudo bem Born, mas primeiro temos muito trabalho aqui e eu quero que vá buscar Scott para ajudar.
_ Não creio que me acompanhe.
_ Diga que é urgente e que eu o enviei. Se precisar conte o que aconteceu, mas do contrário deixa que eu mesmo conto.
_ E o álbum?
_ Diga-lhe que eu preciso e que você não sabe para que. E vocês duas fiquem aqui com a porta trancada. Assim que possível alguém trará o café para vocês.
_ Tudo bem.

_ Concordei. Não demorou muito para o medo tomar conta do resto de meus nervos. Eu vi puro terror no corredor. Não consegui esquecer aquilo.
Dr. Austin pediu reforço, disse que tinha muito trabalho. Imagino o que significa quando um médico diz que tem muito trabalho depois de uma grande tragédia.
A imagem dos homens me encarando não saía da memória. Ele não é estranho. Já o vi antes. Fechei meus olhos e comecei a pensar. “Alguém parecido na igreja ou no restaurante.” Por mais que tentei não consegui achar. Ele me viu. Eu o ouvi dizer isso, não sei se para si mesmo ou para o companheiro. De qualquer modo eu estou sendo seguida e observada de muito perto. Do contrário como ele saberia que eu estava com o mesmo vestido no jantar com Scott?
Ele ou eles, quem serão? Por que estão atrás de mim?

_ Layla?
_ Sim Marie.
_ Me conta o que está acontecendo, por favor.
_ Oh Marie, eu disse que contaria, mas agora não sei se é uma boa ideia você saber sobre isto.
_ Por que não? Eles vão me matar junto com você, sabendo ou não.
_ Tudo bem. Estamos aqui há dias e Born e Scott não falavam nada. Só diziam que eu tinha que saber de alguma coisa e talvez os odiasse depois. Ontem os dois resolveram criar coragem e me contar, mas um não sabe da revelação do outro.
_ E é tão grave assim?
_ Bom, tem uma morte no meio.
_ E agora têm várias.
_ Talvez. Ainda não sabemos se aqueles homens mataram alguém.

_ Eu sabia que sim, mas não havia contado a Marie sobre o que vi no corredor.

_ E então Layla, continua. Você disse que os dois falaram tudo ontem?
_ Sim é verdade. Born me levou...

_ Contei a ela tudo o que aconteceu e tudo o que me disseram.

_ Então pelo o que ouvimos, os assassinos estão atrás de nós. É por isso que Born foi buscar fotografias para ver se o reconhecemos como sendo o mesmo daquela noite?
_ Acho que ele pensa que pode ser o mesmo. O assassino está com medo que eu junte as peças por tudo o que eles me contaram. Porque um acusou o outro sem saber, ou sem querer saber a verdade. E por demonstrarem que gostam de mim, me ouvirão. Então a polícia irá investigar novamente. Se esse homem está tentando me impedir, deve ter alguma culpa.
_ Por que esse homem pensa que você sabe de alguma coisa? O que faremos Layla? Estamos sozinhas, longe de casa e sem proteção.
_ Calma Marie. Estamos longe sim, mas estamos protegidas. Scott, Born e o Dr. Austin não deixarão nada acontecer. E quanto ao homem, ele está me observando de muito perto e com certeza já notou o interesse dos dois por mim.
_ Estamos protegidas? E onde eles estavam ontem?
_ Mas ninguém sabia que eu estava sendo vigiada e agora sabemos.

_ Alguém bateu na porta e nós não respondemos, em parte porque nos assustamos.

_ Layla? Marie? Sou eu, Scott. Abram.

_ Ele trazia consigo uma auxiliar e o café da manhã.

_ O que aconteceu aqui? Vocês estão bem? Estão feridas? Quem...
_ Hey, calma. Uma pergunta de cada vez.
_ Desculpe, é que Born disse que alguém entrou aqui e tentou matar vocês e só assim eu aceitei vir com ele.
_ Sim, eles não fizeram nada quando me olharam pela porta, mas voltaram assim que nos escondemos.
_ Como assim? Entrou alguém aqui? O que...
_ Está fazendo de novo Scott.
_ Fazendo o quê?
_ Milhões de perguntas e eu não consigo responder.

_ Não aguentei sua expressão de espanto e dei-lhe um sorriso. Ele me abraçou e pude sentir seu coração batendo muito rápido.

_ Scott nós estamos bem. Você deve ir ajudar o Dr. Austin e também o Born. Depois você volta e conto-lhe tudo.
_ Tarde demais querida. (Interrompeu o Dr. Austin e Born calado com ele).
_ As vítimas foram fatais. Não pudemos fazer nada.
_ Quantas vítimas Dr. Austin? (Eu quis saber).
_ Oito contando o rapaz da segurança que passou nos quartos avisando para trancarem as portas. Ele fez um bom trabalho salvando as pessoas, mas foi pego por trás. O assassino ou os assassinos deixaram o hospital logo depois.
_ Por que fizeram isso? (Marie perguntou).
_ Mataram para não serem reconhecidos. Vocês duas estão na lista.
_ Não as assuste Dr. Austin. (Interrompeu Born). Temos que juntar as peças e saber quem está fazendo isso. Só pode ser o mesmo que pegou aquela moça anos atrás e o mesmo que pegou a última há uns dias.
_ O que podemos fazer para ajudar a pegar os culpados? (Scott quis saber).
_ Born, vá buscar seu álbum e Scott fique com elas. Eu tenho que avisar as famílias e esperar os oficiais. Vá depressa Born, enquanto eles não chegam. Depois ninguém sai ou entra aqui. Depois mostramos o que você trouxe Scott.
_ Certo Dr. Austin.

_ Born foi buscar as fotografias e Dr. Austin saiu para avisar as famílias. Scott estava tenso, preocupado com as possíveis insinuações dos oficiais. Afinal, ele e Born sempre eram apontados antes de qualquer outro. Dessa vez eles tinham a Marie e eu para inocentá-los.

_ Layla, eu sinto muito não estar aqui para te proteger.
_ Não é culpa sua Scott.
_ É sim. A envolvi em um mundo ao qual não precisava pertencer.
_ Scott, preciso dizer algo importante, mas para Born e Dr. Austin também. E preciso que estejam juntos.
_ O que há de errado?
_ Tenho que pedir permissão para dizer. Enquanto isso pode falar de outra coisa? Não consigo relaxar, meus nervos estão travados de tanto terror.
_ Desculpe Layla. Você tem passado por momentos horríveis e estou te colocando no meio de mais esse.

_ Fiquei calada. Não podia aliviar sua culpa enquanto Dr. Austin não voltasse. Marie assustada como sempre também não disse nada. Scott sentou-se e ficou ali olhando vagamente. Eu sabia que ele não era o assassino e Born também não. Os dois haviam demonstrado de diversas formas que gostavam de mim, talvez mais do que deviam. “Não quero ter que escolher.” Pensei.
Comecei a fazer comparações, sem querer é claro, não pude evitar.
Scott com cabelos pretos e olhos azuis, um lindo sorriso e um jeito de garoto. Romântico, mas muito ciumento. Tive medo dele quando jantamos sozinhos. Seus olhos ficaram negros, o azul lindo simplesmente desapareceu, e eu sabia que era ódio.
Já Born com seus cabelos pretos também, porém seus olhos verdes. É atrevido e ousado. Não ia perder a batalha sem lutar. Não demonstrava ter ciúmes, mas sei que sentia. Seus olhos ficavam verdes escuros sempre que Scott estava perto. Não sei, mas Born começou a despertar algo em mim. Pode ser que por eu ser ousada e atrevida confunda os sentimentos por ele.
Alice e eu nunca paramos para pensar em como seriam nossos maridos, mas existia o medo de arrumar alguém sério demais, ou alguém pior do que sério. Alguém que nos machucasse por dentro e por fora. E agora eu estava dividida entre duas possíveis histórias de amor.
De um lado um garoto romântico e ciumento demais. Do outro lado outro garoto, porém atrevido e ousado e não menos romântico que o primeiro.

Fechei os olhos e tentei imaginar a minha vida com um e depois com outro. Não consegui, pois nunca havia me preparado para esse momento. A verdade é que sempre existiu medo. Medo de casar contra vontade. Medo de casar com alguém violento. E agora medo de escolher a pessoa errada. Decidi então não escolher. Seria assim. Voltar para casa e esquecer a ambos. Sumir por um tempo. Só Deus sabe o futuro, mas uma coisa é certa: não vou escolher.



;)

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