Capítulo Onze
_ Uma assistente entrou com o jantar de Marie e disse-me para
acompanhá-la. Fui um pouco tensa. Encontrei Dr. Austin e ele me disse para
ficar calma e não dizer para Scott o que Born havia me contado.
Segui a enfermeira até a sala que Scott estava.
_ Sente-se. (Disse ele).
_ Scott por que está assim?
_ Diga-me você.
_ Fiquei assustada. Não conhecia mais o “mocinho” e já estava
pensando se realmente não seria o “vilão”.
_ Scott você está me assustando. Por que não diz logo o que te
aborrece?
_ Você e Born saíram juntos quando era eu que queria levá-la.
_ Ele só me levou à igreja. Participamos de uma cerimônia de
enterro e tomamos um chá depois. O que tem de ruim nisso?
_ Foi só isso?
_ Sim. Por que mentiria?
_ Eu estava mentindo, mas era para minha segurança. Não havia
visto Scott daquele jeito. E a única coisa que Born tentou fazer foi roubar-me
um beijo.
Scott começou a chorar.
_ Layla, eu a amo e não aguentaria te perder. Desculpe-me se a
assustei, mas o ciúme não é um bom companheiro.
_ Tudo bem Scott. Mas não temos nada, então não sei por que
sofre tanto por mim.
_ Não sofreria se me perdesse?
_ Como posso sofrer por algo que não me pertence Scott?
Conversamos sobre isso um tempo atrás e não decidimos nada. Você some e
reaparece. Não fala nada sobre sua vida. Vejo que esconde algo sério e não
confia em mim para compartilhar. Você diz me amar, mas somente palavras doces
não bastam.
_ Eu havia tomado coragem para enfrentá-lo.
Doía-me menos quando pensava em voltar para casa e nunca mais
ver nenhum deles.
Essa desordem de pensamentos, conflitos entre os dois, e
estavam me colocando no meio. Eu já não queria saber a verdade por mim, mas
para poder ir embora.
Voltaria para casa, venderia as terras e tudo que tivesse e
iria embora para longe.
Longe das lembranças tristes daquele lugar sem meus pais e
longe do alcance desses dois loucos.
_ Layla? Não me ouviu?
_ Oh Scott, desculpe-me. O que disse?
_ O jantar chegou. Coma antes que esfrie.
_ A assistente havia entrado e saído e eu não ouvi, muito menos
a vi. Scott comia em silêncio. Havia parado de chorar. Mas seus olhos ainda
lacrimejavam.
Terminei o que conseguia comer. Depois de tantas emoções nas
últimas horas, eu não tinha estômago para um prato cheio como o que ela trouxe.
_ Scott?
_ Sim.
_ Por que não confia em mim? Por que converso com o Dr. Born?
_ Eu confio em você, mas não gosto que saia com ele. Ainda mais
porque ele pode lhe contar mentiras sobre mim.
_ Por que não me conta o que te incomoda tanto? Eu posso te
ajudar?
_ Não, não pode. De qualquer forma um dia você saberá. É muito
difícil falar sobre isso, mesmo porque tenho medo que você não queira mais me
ver.
_ Eu decido por mim. Qual é o problema? Agora eu quero saber.
Ou não poderei confiar em você.
_ Tudo bem. Contarei, mas sei que não me perdoará.
_ Estou ouvindo.
_ Scott contou-me quase o mesmo que Born. E basicamente as
histórias eram iguais. Só não contou que a moça havia sido noiva de ambos.
_ Realmente não sei o que dizer.
_ Acredite em mim Layla. Não sou o culpado.
_ Calma Scott, deixe-me pensar sobre isso. E se houvesse uma
terceira pessoa?
_ Seria possível. O prédio já estava abandonado durante muitos
anos. Dizem que ali morreram muitas pessoas.
_ Scott, preciso de um tempo para pensar sobre isso e já está
tarde. Amanhã conversaremos.
_ Está bem Layla. Desculpe-me por hoje. Sei que a assustei. E
por favor, acredite em mim. Sou inocente.
_ Tudo bem, já passou. Boa noite Scott.
_ Boa noite Layla.
_ Fui para o quarto, um tanto horrorizada e desgastada, mas não
sabia que Marie e Dr. Austin estariam esperando por mim.
_ Então Layla o que aconteceu?
_ Marie, estou muito cansada. Amanhã conversaremos.
_ Vai deixar-nos curiosos?
_ Dr. Austin, podemos deixar para amanhã? Estou exausta.
_ Sim, claro. Mas não fale nada perto das enfermeiras.
_ Tudo bem. Boa noite então.
_ Boa noite senhoritas.
_ Finalmente acabou. Precisava ter um tempo para me concentrar
em tudo o que ouvi. Aparentemente eles diziam a verdade e não aceitavam uma
terceira pessoa no caso. Apesar de concordarem ser possível. A verdade é que
ficam trocando acusações.
Não sei se conseguiria dormir bem depois de tudo o que
aconteceu e toda essa loucura. Mas consegui.
Quando acordei ainda parecia noite, o tempo estava escuro e
parecia que ia chover.
Marie dormia e o corredor ainda estava calmo.
Passou um homem estranho pela porta e encarou-me. Senti um
arrepio cortar minha coluna. Ele se afastou e então acordei Marie. Ficamos em
alerta.
O homem voltou à porta e nós gritamos. Ele fez sinal para
ficarmos quietas e então sumiu novamente.
Passaram alguns minutos até que alguém viesse. Esses minutos
pareciam horas.
Um dos seguranças do hospital apareceu.
_ O que está acontecendo? (Eu quis saber).
_ Vocês estão bem?
_ Sim, quem é esse homem que veio até aqui? Onde ele está?
_ Não quero assustá-las, mas é melhor trancar a porta. Depois
alguém explica.
_ Tudo bem, obrigada.
_ Pulei da cama e corri para porta. Antes de trancar, olhei
pelo corredor e não acreditei no que vi.
Havia três enfermeiras estiradas no chão. Vi um homem apontar
no fim do corredor e tranquei a porta.
Não disse nada a Marie para não causar pânico. O mesmo pânico
que me deixava sem forças. Sentei-me no sofá de visitas do quarto e ouvi passos
no corredor. Chegaram perto da porta e então se afastaram. Meu coração estava a
ponto de sair pela boca.
_ Marie? Consegue se levantar?
_ Sim.
_ Então venha. Vou retirar a chave da porta e vamos nos
esconder.
_ Destranquei a porta bem devagar e escondemos atrás de uns
armários. Antes peguei nossos sapatos e trouxe junto. Daria a impressão de
termos saído.
Foi bem a tempo de a fechadura fazer barulho e alguém entrar.
Disse uma dúzia de palavras sem sentido e deixou o quarto, mas não saímos do
lugar. Mais alguém entrou e não saiu tão rápido.
_ Elas saíram. Quanto vestido, não dá para saber como estão
vestidas, vou ter que esperar. Esse eu conheço, ela estava com ele quando saiu
com o doutorzinho e ainda o usava quando jantou com o outro. Maldita, tem que
morrer antes que descubra a verdade. Tenho que sair daqui antes que me peguem.
;)
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