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terça-feira, 15 de agosto de 2023

Roberta Kelly - A Chave - 14º Capítulo







Capítulo Quatorze

_ O dia demorava a passar. Eu queria sumir. Voltar para casa e ser normal. Mas meus pais estavam mortos, eu estava muito longe de casa e mais longe ainda de ser normal. Decidi que iria realizar a reunião. Dr. Austin veio até o quarto e claro junto estavam Born e Scott.

_ Tudo bem Dr. Austin. Para começar quero pedir desculpas aos três.
_ Não compreendo Layla.
_ Por favor, Born. Quero que me escutem para depois dizerem o que pensam.
_ Tudo bem. Pode falar.
_ Quando quebrei meu braço jamais pensei que viveria o que estou vivendo. Você Scott disse-me que se encantou quando me viu chegar depois do acidente. Mesmo toda suja de terra pelo tombo que levei. Você Born disse-me que se apaixonou assim que entrou na enfermaria e me viu tão frágil sobre a cama. E o senhor Dr. Austin...
_ Ele também Layla? (Scott interrompeu-me)
_ Eu pedi que me deixassem falar primeiro.
_ Desculpe-me. É que já é difícil ter o Born como rival. E seguindo seu raciocínio pensei que ele...
_ Então não pense. Ouça que você entenderá e, por favor, não me interrompa. Como eu dizia... O senhor Dr. Austin quis minha ajuda para desvendar o mistério que há por trás desses dois, aproveitando o interesse de ambos por mim. E por tudo o que ouvi, acho que são inocentes.
_ Por que acha isso?
_ Cada um contou a sua versão da história. Scott e Born a ouviram gritar. Born foi mais rápido e chegou ao local do crime antes de Scott, mas teve medo e se escondeu. Quase foi embora, mas enfrentou sua covardia e voltou. Nesse tempo em que decidia se ia ou não embora, Scott chegou pelo outro lado e viu as costas do assassino indo embora. Seu impulso foi ver se a garota ainda estava viva, no mesmo momento que Born resolveu voltar. Um acusou o outro e com isso deixaram escapar o verdadeiro culpado. Desculpem-me vocês três. Sei que era uma investigação sigilosa Dr. Austin, e sei que cada um me contou isso porque confiaram em mim e queriam me conquistar sem esconder nada. Não fui fiel a ninguém porque aqui estou contando tudo o que sei.
_ Layla, existe uma possibilidade de esse homem ter trocado de roupa. Mas você conseguiu ver bem o rosto?
_ Dr. Austin, foi tudo muito rápido, mas com certeza eu vi o rosto.
_ Vou pedir a todos que procurem pela camisa. E não se preocupe você se saiu bem no que te pedi.
_ Obrigada.

_ Dr. Austin saiu e o quarto ficou em silêncio, por pouco tempo. Marie começou a chorar.

_ Layla eu quero ir embora, estou com medo. Não sobrevivi a uma cirurgia para morrer assassinada.
_ Calma Marie. Vamos perguntar ao Dr. Austin quanto tempo mais temos que ficar aqui.
_ Layla, eu não quero que você vá. Fique comigo. (Born quebrou o silêncio entre eles)
_ Perdeu a noção do perigo Born? (Scott retrucou nervoso, mas não saiu do lugar).
_ Ah Scott, eu gosto dela e estou sendo sincero. E você? Já disse a ela o que sua tia tem feito esses últimos dias?
_ Hey. Parem com isso. Não quero que briguem por mim. Desculpem-me, mas não estou pronta para esse tipo de compromisso, e, não mereço o amor de vocês. Por tanto não briguem. Não tenho nada com nenhum dos dois.
_ Layla? (Scott e Born disseram juntos).

_ Estavam atordoados e inseguros. O que eu disse foi como um banho de água fria. Estava sofrendo também. Desde que caí do meu cavalo a única coisa boa que aconteceu foi Marie ter tido a sorte de me acompanhar e estar viva. O resto só dor e sofrimento. A morte dos meus pais, a briga desses dois, as mortes no hospital. Já não tinha certeza de sair viva desse lugar.

_ Born, você foi noivo da moça depois do Scott.
_ Sim, mas não fui o último.
_ E quem foi o último? O homem da foto?
_ Sim, ela me trocou por ele.
_ Desculpe-me. Não quis dizer isso. E se ele se ausentou e ninguém notou sua falta?
_ É uma suposição, mas vamos esperar o que encontramos no hospital. E... Layla, ele trabalha em uma loja aqui em frente ao hospital.
_ Ele não estudava com vocês?
_ Sim, mais ele parou de ir às aulas logo depois que Estela morreu.
_ Então ele veio trabalhar perto do hospital para ficar de olho em vocês. Deve ter alguém ajudando com informações aqui dentro. Como sabe o que estou usando ou não?
_ Pode ter razão sobre a ajuda. Mas eu não trabalho aqui. (Scott disse).
_ Ainda não, mais um dia irá.
_ Não sei o que quero da vida agora. Pensava em construir uma família e ir morar longe. Mas você não me quer.
_ Não coloque desta forma, afinal vocês me cortejam, são cavalheiros, dizem que a minha opinião é que conta, mas no fim não querem ouvir o que eu penso.
_ Você gosta de algum rapaz da sua cidade?
_ Não Scott e não Born. Vamos continuar a pensar sobre o assassino, tudo bem? Não quero falar de mim.
_ Tudo bem, não irei incomodar mais.
_ Scott?

_ Scott saiu do quarto sem olhar para trás. Born deu um passo em direção a porta.

_ Born, por favor, fica.
_ Sim Layla. Não sou tão egoísta como o Scott.
_ Obrigada. Sinto muito ter te magoado, mas não gosto de ser pressionada.
_ Tudo bem Layla. Eu entendo. Os últimos dias não foram fáceis e nós não estamos ajudando muito.
_ Estão sim, quer dizer, você está.

_ Dr. Austin voltou e então paramos de nos encarar.

_ Layla, não encontramos nada, farei uma reunião esta noite e pedirei ajuda.
_ Dr. Austin, Marie e eu queremos ir embora. Não quero que nada aconteça a ela, comigo não importo.
_ Nada irá acontecer Layla.
_ Não Dr. Austin. Nós queremos mesmo ir embora. Por favor, nos dê alta. Eu já fiz o que o senhor pediu e agora não posso ajudar mais.
_ Tudo bem Layla. Estou sendo egoísta. Muito obrigado por sua ajuda e perdoe-me por tê-la posto em perigo. Vou buscar minhas anotações e um bloco para passar as instruções para o médico de lá.
_ Obrigada Dr. Austin.

_ Ele saiu. Marie e eu respiramos aliviadas. Partiríamos no dia seguinte e não me envolveria com nada mais.

_ Layla, sei que não ficará e não vou pedir novamente. Mas posso acompanhá-las na viagem de volta? Tenho um mau pressentimento sobre viajarem sozinhas.
_ Mas o que as pessoas pensarão?
_ Que sou o médico das duas, o que poderiam pensar?
_ Às vezes esqueço. (Risos).
_ Então vou a estação comprar nossas passagens.
_ As nossas já foram compradas Born, é só marcar o dia.
_ Então marcarei o dia para vocês e comprarei a minha.
_ Tudo bem. Vamos só esperar o Dr. Austin voltar para ter certeza.
_ Tem razão. Devido os últimos acontecimentos talvez os oficiais queiram que fiquem para pegar seus depoimentos novamente.

_ Dr. Austin voltou e estava muito sério.

_ O que aconteceu?
_ O homem que vocês acabaram de acusar é filho de um dos conselheiros. Eu não lembrei disso até olhar novamente para a fotografia. Quando ele nasceu, seu irmão gêmeo morreu, mas pode ser que não tenha morrido. Eles nasceram em casa em um dia que outros partos foram feitos. Não pude acompanhar todos.
_ Isso explica serem dois, mas como ele sabia que roupa eu usei no passeio com Born e que eu ainda a usava quando Scott me obrigou a jantar com ele?
_ Teremos que investigar. Layla; não sei como explicar, mas não poderá partir antes de o prendermos. Por ser filho de um conselheiro, seu pai fará tudo para impedir que ele vá preso.
_ Mas Dr. Austin agora é que corremos perigo ficando aqui.
_ Dr. Austin ela tem razão.
_ Ele ficou tão triste na época que com certeza fará o que puder por ele. E se a testemunha for embora, será pior para nós que acusamos.
_ Tudo bem Dr. Austin. Eu ficarei, mas Marie terá alta e irá embora. Ela deixará o depoimento por escrito e então partirá. Ou é isso ou iremos nós duas.
_ Layla, muito obrigado. Farei o atestado de alta de Marie. Enviarei uma enfermeira junto na viagem. Mas os oficiais precisam concordar. Eles devem voltar com as fotografias ainda hoje.
_ Então Born, pode ir marcar a passagem de Marie?
_ Sim claro. Enquanto eles não voltam, vou ficar aqui.
_ Obrigada.
_ Vou providenciar os documentos.

_ Dr. Austin saiu e não demorou muito para os oficiais voltarem. Um ataque ao hospital fez com que trabalhassem rápido.

_ Layla, Marie, esse oficial trouxe as fotografias dos criminosos cadastrados na delegacia. Estão preparadas?
_ Sim Dr. Austin.




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