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terça-feira, 1 de agosto de 2023

Roberta Kelly - A Chave - 7º Capítulo





Capítulo Sete

_ Acordei com Marie conversando com o Dr. Austin. Ele estava sério.

_ Marie feche a porta, por favor. Como está Layla? Posso chamá-la assim? Soube que teve uma noite agitada. Bom dia!
_ Claro. Bom dia Dr. Austin. Então Marie contou-lhe sobre as visitas inesperadas. Só consegui dormir agora pela manhã.
_ Visitas? Ela contou somente sobre o Dr. Born.
_ Sim, ele esteve aqui duas vezes. A primeira Scott estava conosco e a segunda...

_ Parei por um momento. Não sabia se dizia ou não sobre o quase beijo. Resolvi que sim, afinal sou uma dama, e longe dos pais tenho que me defender com as armas que são oferecidas.

_ ...a segunda eu estava quase adormecendo quando ouvi passos e abri os olhos. O Dr. Born estava inclinado sobre mim e pude sentir sua respiração. Virei o rosto no momento exato. Ele ia beijar-me enquanto dormia. Foi assustador. Acordei Marie, mas ela adormeceu novamente. Deve ser o cansaço dos últimos dias.
_ Não se preocupe, darei um jeito no Dr. Born. E o Scott também não deveria ficar aqui até tão tarde.
_ Scott não me faz mal Dr. Austin. Gosto da companhia dele. Só não sei como ele reagirá quando souber o que o Dr. Born tentou fazer depois que ele foi embora.
_ Acho melhor não contar, mas se não o fizermos, o próprio Dr. Born fará. Conheço os dois desde pequenos, e sei que não é fácil a convivência entre si.
_ Pode contar-me quem está dizendo a verdade? Ou o que eles escondem?
_ Não Layla. Ninguém pode a não ser eles. Nossa esperança era aparecer alguma pessoa que atraísse os dois e não se envolvesse com nenhum. Não até pelo menos descobrir a verdade.
_ Como assim Dr. Austin?
_ Posso confiar que não contará a nenhum dos dois?
_ Sim, claro. Eu só quero saber a verdade, pois nunca fui ofensivamente e delicadamente cortejada antes. Tenho que saber no que estou pisando.
 _ Temos um conselho na cidade e só as pessoas que interessam é que ficam sabendo dos casos a serem tratados. Você é uma delas. Ontem à noite estivemos reunidos e disse a eles sobre você. Sobre o interesse que Scott e Born têm por você. Então decidimos recrutá-la se assim concordar.

_ Ele parou de falar, lembrou-se que não estávamos sozinhos.

_ Pode confiar em mim Dr. Austin.
(Marie disse).
_ Sim, então serão duas recrutas.
_ Vou explicar o que fizemos antes. Sempre procuramos homens e mulheres para se aproximarem de ambos como amigos ou empregados, e assim tentar descobrir a verdade. Mas quando um se interessava o outro não. Então quando você apareceu surgiu finalmente a oportunidade. E eu só preciso saber o que vocês conversaram para elaborar um plano.
_ Scott se declarou para mim e disse que usará esse tempo que ficarei aqui para nos conhecermos. Já o Dr. Born veio tentar me beijar ontem à noite e disse que não o levasse a mal, pois esteve esperando muito tempo por mim. É isso. Acho que mesmo quebrada como estou, consegui conquistar os dois de uma só vez. (Risos).
_ Esta noite reunirei os membros do conselho, pois temos também outros dois problemas para discutir. Tente agir naturalmente com os dois até darmos orientações.
_ Tudo bem.

_ Dr. Austin saiu e Marie olhou com espanto para mim. O que eu podia fazer? Os dois mais belos rapazes que conheci tinham problemas entre si e eu simplesmente estava no meio dessa confusão.
Os conselheiros da cidade falavam sobre mim.
Nossa, quão importante fiquei por cair do meu cavalo”, pensei e sorri para mim mesma.
_ As horas passaram rápido entre uma refeição e outra. Marie pediu-me algum dinheiro para ir à rua quando Scott viesse. Ela queria comprar algo que nos distraísse; revistas, jornais ou mesmo cartas para jogarmos durante os dias que ficaria ali.
Para nossa surpresa quem apareceu foi Sra. Amélia. Ela disse qualquer coisa sobre se sentir cada vez mais sozinha, agora que Scott passava todo o tempo aqui. Mas só depois ela notou nossa reação.

_ Ele não esteve aqui hoje?
_ Não. Estávamos esperando por ele para que Marie fosse comprar algo na rua para nos distrairmos nesses dias, e então a senhora chegou.

_ Ela assustou-se tanto com a notícia que ele não aparecera até aquele momento que Marie chamou uma enfermeira para socorrê-la.

_ Sua pressão caiu Sra. Newton. O que houve para ficar assim? (Enfermeira).
_ É que Scott saiu de casa há várias horas para vir aqui, mas ele não apareceu. (Respondi por ela).
_ Oh sim. Então não se preocupem mais. Quando ele chegou, Dr. Austin o levou para ver alguns feridos do descarrilamento do trem. Eu não sabia que ele era esperado, por isso não avisei. Desculpem-me. (Enfermeira).

_ A cor da Sra. Amélia foi retornando ao seu rosto e a enfermeira constatou que ela estava bem.
Passou algum tempo até que nós falássemos novamente. O dia estava claro e bonito lá fora e senti uma saudade de casa incontrolável. As lágrimas começaram a correr, e bateu uma dor em meu peito que não pude explicar. Marie viu.

_ O que foi Layla?
_ Não sei explicar. Só vontade de chorar mesmo.

_ Definitivamente não era um bom dia para as mulheres presentes no quarto. Marie estava pálida. Vi isso desde que acordei, mas não disse nada. Parecia dor, mas ela não reclamou de nada.

_ Você deve ter se impressionado com a notícia do trem que saiu dos trilhos.

_ Sra. Amélia tentou me confortar. Mas eu nem havia prestado atenção a esse fato. Tive que mentir.

_ Sim, deve ser isso.

_ Scott finalmente apareceu e sua tia ficou tranquila. Marie deitou-se e ele notou sua profunda palidez. Chamou uma enfermeira e a pediu que fosse buscar o Dr. Austin. Os procedimentos médicos naquele quarto estavam proibidos ao Dr. Born.
Enquanto esperava; Scott examinou Marie e esperou o Dr. Austin para ter certeza sobre o que estava pensando ser o problema dela.

_ O que aconteceu? Você não me pareceu bem pela manhã, mas pensei que fosse pela noite mal dormida. (Eu disse preocupada).
_ Dr. Austin, fiz alguns exames enquanto a enfermeira foi chamá-lo e pode ser o apêndice.
_ Vamos ver. Dói aqui? (Ele apertou a região que Scott havia examinado).
_ Sim, muito.
_ Quando começou a dor?
_ Ontem à tarde a caminho do hospital. Pensei ser a comida do trem que não havia feito bem.
_ Hum... Não quero assustá-la, mas Scott tem razão. Pode ser o apêndice, mas só terei certeza com uma cirurgia.
_ É algo muito grave Dr. Austin?
_ É sim, mas descobrimos na hora certa. Enfermeira leve a Srta. Mayson para o centro cirúrgico.
_ Fique calma Marie, tudo terminará bem. Confie em Deus.
_ Sim Layla. Eu confio.

_ Marie saiu amparada pela enfermeira.

_ A sorte dela é que não adoeceu em sua cidade. Lá ela morreria com certeza. Bom, eu irei fazer a cirurgia. Scott faça companhia a elas.
_ Sim Dr. Austin.

_ Fiquei pálida com o terror que passou por minha mente. Estávamos dentro de um trem no dia anterior. Marie poderia ter sentido mal ou poderíamos ser nós acidentadas. Eu não havia pensado nisso antes, até ver Marie sair de perto de mim.
Scott não disse nada e também não perguntei de imediato. Sua tia estava abalada embora não quisesse demonstrar. Ela não quis esperar dizendo estar cansada. Seu sobrinho levaria notícias de Marie mais tarde. Na verdade ela queria nos deixar a sós.
Fiquei um pouco desconfortável, pois de um lado tinha o amor que Scott dizia sentir por mim, e do outro o compromisso em descobrir a verdade.
Já não sabia como agir. Não podia deixar transparecer nenhuma preocupação com esse assunto. Resolvi então que era a hora dele saber sobre a noite passada.
Ele pegou minha mão e a beijou. Eu tinha que contar antes que o Dr. Born fizesse, e fizesse de uma maneira errada.

_ Scott, preciso falar sobre ontem à noite.
_ Não vou pressioná-la. Jamais serei egoísta novamente.
_ Não é sobre você. É sobre o Dr. Born.



;)

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