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quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Roberta Kelly - A Chave - 24º Capítulo




Capítulo Vinte e Quatro

     Finalmente o grande dia chegou.
Sra. Sophie e Katherine choravam a sua partida, mas no fundo sabiam que seria temporário.

_ Vamos.

     Alice chamou. Entraram no trem e ele começou a se movimentar. Deram os últimos acenos e se sentaram.
     Não sabiam, mas Layla corria perigo dentro do trem. Ela ouviu uma conversa suspeita do lado de fora do toalete.

_ É ela, eu tenho certeza. Ela irá nos descobrir aqui.

     Disse a Born o que estava acontecendo e ele não a ouviu. Quis dizer para Alice, mas ela procuraria cabine por cabine. Layla estava sozinha.
     Naquela noite viu a sombra de duas pessoas em sua cabine. Então gritou. Born não se moveu e Alice foi ao seu encontro. Era tarde demais, as sombras fugiram.
     Acenderam a luz e foram verificar Born. Ele tinha um corte na cabeça, devia ter levado uma pancada.
     Layla cuidou de Born até que acordasse e Alice ficou com um gancho que encontrou pela cabine.
     Quando finalmente acordou, Born ainda estava tonto pela pancada.

_ Scott está aqui, foi ele quem me agrediu.
_ Então é isso. Eu disse a você que alguém estava com medo de eu os ver, mas a voz que dizia isto era de uma mulher.
_ Desculpe Layla. Eu devia ter te ouvido.
_ Tudo bem.

     Ele tentou abraçá-la, mas ela saiu de perto.
     Scott não queria ser visto então algo bom ele não devia estar fazendo. Assim que amanhecesse, antes do trem fazer sua próxima parada, ela iria atrás dele. Não demorou muito para isto acontecer.
     Levantou-se e saiu sem dizer nada. Passou pelo toalete e seguiu para o restaurante. Tomou seu café, observando de uma mesa mais escondida.
     Scott entrou acompanhado. Deve ter pensado que ela estaria com os outros dois ou que demoraria a ir ao restaurante. Era muito cedo.
     Esperou que se sentasse. Ele escolheu um lugar mais discreto assim como o dela. Quase nas sombras.
     O café foi servido, então ela foi ao seu encontro.

_ Scott.

     Ele se engasgou e sua acompanhante arregalou os olhos. Não viram que ela estava sozinha, mas não ousaram procurar no salão. A última coisa que eles queriam era um escândalo.

_ Pensei que tivesse quase ficado louco com o meu sequestro, e esta noite você mesmo tentou me matar. Os gêmeos, as desculpas com sua tia. Na verdade o tempo todo era você. Você matou a moça que fazia a limpeza na casa de Born. Você contratou os gêmeos. E talvez arrependido por me sequestrar, mandou que facilitasse minha fuga. Eles foram presos, mas um deles está solto. Desde então a polícia o segue tentando pegar o verdadeiro chefe dos crimes.
_ Layla...
_ Não diga nada. Tenho nojo quando pronuncia meu nome.

     A essa altura os oficiais do trem haviam sido chamados e estavam atrás dela ouvindo tudo. Foi aí que ela entendeu. Ela também estava sendo seguida pelos oficiais para o caso do assassino aparecer. Então Scott foi preso, mas fez questão de dizer quem era a sua acompanhante.

_ Esta é Lauren, minha noiva, posso dizer esposa. Ela é a mandante dos crimes.
_ Sr. Scott fique calado. Esclarecerá tudo ao Delegado. E Srta. Grace preciso que venha conosco para prestar acusação formal.
_ Oficial eu terei um grande prazer, mas posso lhe pedir uma coisa?
_ Sim.
_ Posso terminar a viagem e retornar o mais breve possível? É que meus pais, o senhor já sabe, eu queria ir até em casa.
_ Muito bem, mas não se demore ou não poderemos segurá-los presos por muito tempo.
_ Não demorarei.

     Nesse momento Born e Alice entraram correndo pelo restaurante.

_ Oh! Graças a Deus! Você está bem?
_ Calma Alice. Agora estou melhor. Oficial, posso me retirar?
_ Claro Srta. Grace. Obrigado pela ajuda.
_ Vamos, depois vocês tomam o café.

     De volta a cabine, Layla contou tudo o que aconteceu. Born queria ir até a cela improvisada, mas ela não deixou.

_ Layla. Perdoe-me por não ter te protegido.
_ Born eu não quero ser desacreditada sem motivos. Você sabe tudo o que passei e não enlouqueci. Não será agora.
_ Born ficou bobo Layla. Meu primo nunca teve uma namorada tão linda como você.
_ Obrigada Alice.
_ É verdade Layla, estou cego de amor e às vezes esqueço os perigos que ainda corremos. O que fiz para merecer seu amor?
_ Born, para ser sincera você não fez nada. A primeira vez que o vi, foi suficiente para me fazer esquecer o mundo. Mas não podia dizer nada parecido para um médico tão lindo. Você deve arrancar suspiros de todas as pacientes. Na verdade antes de saber que você é assim meigo, carinhoso entre outras qualidades, eu já estava hipnotizada por você. Mesmo quando tentou me beijar enquanto dormia, eu sentia a cada dia que você era melhor do que a capa protetora que você criou. No fundo eu sempre soube que meu destino não era ficar com o Scott, e a tia dele me fez um grande favor afastando-o.
_ Layla...

     Born a beijou, mas Alice interrompeu.

_ Estou faminta. Vamos comer?
_ Claro.

     Disseram juntos e riram da situação. Alice sempre iria interromper.
     Finalmente chegaram ao destino. Layla nem pode acreditar que estava em casa. O percurso de charrete foi mais demorado que o esperado, mas era só ansiedade. Foram recebidos pelos tios dela. Marie e seus irmãos estavam na colheita de algodão. Ela tinha tantas coisas a resolver, mas teria que voltar e testemunhar.
     Fizeram o lanche da tarde com eles e em seguida Alice e Born partiram. Marie foi fazer companhia à noite para Layla. E ela contou tudo o que aconteceu depois que ela voltou. Algumas coisas ela sabia, pois havia contado por carta. Marie só dizia ‘oh’, ‘Layla’ e ‘Meu Deus’. Os olhares eram quase sempre arregalados. Ela já esperava essa reação dela. Layla pediu para que não contasse aos seus pais. Falasse somente que os culpados foram presos. Ela estava em parte muito triste, mas muito feliz por tudo ter terminado.
     Alguns dias se passaram. Ela teve que voltar para prestar acusação formal. Depois teria muito que fazer na fazenda, então quanto antes terminasse com esse assunto melhor. Alice e Born foram chamados para testemunhar os ferimentos, porque já estavam curados.
     Antes de partir Born pediu sua mão ao tio Joseph. Fizeram um jantar para as famílias. Eram doze pessoas somente e ela fez questão que fosse realizado em sua casa. Seu tio a perguntou se era isso o que queria, antes de responder ao Born, e ela disse que sim. Todos sorriram e ele então deu a permissão do jeito dele.

_ Avisem o Dr. Thomas que teremos um companheiro para ele em breve.

     Todos riram. Born não pareceu gostar da ideia. Tinha os próprios planos, mas sabia que ela só deixaria a fazenda se fosse para visitá-la sempre.



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